A celebração desta festa dentro do tempo do Advento, está perfeitamente integrada dentro da Liturgia da Igreja para a qual nos convida toda a Liturgia da Palavra.
Mais do que qualquer outro tempo do Ano Litúrgico, o Advento é tempo de Maria, pois é nele que A vemos em mais íntima relação com o Seu Filho, ao Qual está unida «por vínculo estreito e indissolúvel»(LG,53).
Se o Senhor veio ao meio dos homens, se Ele vem ainda, é por meio de Maria.
N’Ela se cumpre, na verdade, o mistério do Advento.
Embora, na sua origem e no seu princípio, a Solenidade da Imaculada Conceição, que vem do século XI, não nos apareça em ligação com o Advento, contudo ela é uma verdadeira Festa de Advento.
Ela é a aurora que precede, anuncia e traz em si o Dia novo, que está para surgir no Natal.
Como Festa de Advento, a Solenidade da Imaculada Conceição constitui uma bela preparação para o Natal.
Na 1ª Leitura, o Livro do Génesis, depois de apresentar o pecado dos nossos primeiros passos com as suas respetivas consequências, apresenta-nos também a promessa do Redentor a que chamamos o Proto-Evangelho :
- “Farei reinar a inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta esmagar-te-á a cabeça, ao tentares mordê-la no calcanhar”.(Gn.3,15).(1ª Leitura).
«Maria – a Mãe do Redentor – apresenta-Se já profeticamente idealizada na promessa da vitória sobre a serpente, promessa feita aos primeiros pais, caídos em pecado.(LG.55).
Maria torna-se a Nova Eva, a Mãe de todos os redimidos, de todos aqueles que Seu Filho reconduzirá à união com Deus.
Esta maravilha operada por Deus através de Maria é aclamada no Salmo Responsorial :
- “Cantai ao Senhor, um cântico novo, pelas maravilhas que Ele operou”.
Na 2ª Leitura, S. Paulo diz aos Efésios e hoje também a todos nós, que o plano admirável de Deus a respeito dos homens, destruído pela desobediência de Adão E Eva, é restaurado por Cristo.
N’Ele todos os homens são convidados a participarem, pela graça, na filiação natural e divina de Cristo, para se tornarem filhos adoptivos de Deus, baptizados no Sangue Redentor, constituídos num estado de Santidade : «santos e irrepreensíveis».
- “Destinou-nos de antemão a sermos Seus filhos adoptivos mediante Jesus Cristo”.(2ª Leitura).
Primícias desta nova criação é Maria, eleita para Mãe do Filho de Deus, por Ele redimida de modo sublime, figura e Mãe da Igreja.
O Evangelho de S. Lucas apresenta-nos o mistério da Encarnação com a anunciação do Anjo e a aceitação de Maria, sem a qual esse mistério se não podia realizar.
O privilégio da Imaculada Conceição, como, de resto, todos os seus outros privilégios, fundamenta-se na eleição de Maria para Mãe virginal do Salvador e, portanto, Mãe de Deus : eleição livre e amorosa da parte de Deus ; eleição livre e amorosamente aceite por Maria, a Qual, em contraste com Eva, soube dizer a Deus a única palavra, que Ele tem direito de ouvir de todos nós : SIM !.
- «Eis a serva do Senhor, faça-se em Mim, segundo a tua palavra».(Evangelho).
A cena da Anunciação a Maria é a página da cooperação de Maria na obra da salvação.
O Concílio acentuou fortemente, como faziam os antigos Padres da Igreja, que Maria trouxe à obra de Cristo não uma inerte passividade, mas uma operosa atividade.
O seu SIM foi mantido e acentuado em toda a sua vida até ao Calvário, onde oferece Cristo que se oferecia pela nossa salvação.
Maria ensina aos homens de hoje que entrar no mistério de Cristo, querer operar a salvação, é pôr-se ao “serviço”.
Escolhida para Mãe, declara-se “serva”.
A Imaculada Conceição de Maria é um direito de Jesus, «também nisto o mais feliz dos homens, pois pôde cumular a própria Mãe de todo o bem, tanto quanto lhe exigia o amor : o Seu era infinito».
O tema da Imaculada é central no Advento, que se prepara para reviver o Mistério da Redenção em acontecimentos nos quais a graça irrompe superabundantemente.
A Encarnação do Verbo, a exultação do Precursor no seio materno, o “Magnificat”, o “Glória!” dos Anjos, a alegria dos pastores, a luz dos magos, a consolação de Simeão e de Ana, a teofania no Jordão, tudo são acontecimentos que antecipam os sinais dos tempos novos.
A liturgia torna presente no meio da nossa Assembleia a força que preservou a Virgem do pecado.
De facto, celebra na Eucaristia o mesmo Mistério da Redenção, de cujos benefícios Maria foi a primeira a gozar e do qual nós participamos, segundo a nossa fraqueza e as nossas forças.
Maria faz parte do Mistério de Cristo.
Onde havia abundado o pecado, a graça superabundou.
A Imaculada é o “sinal” de que, com a ressurreição de Cristo, o mal já está vencido “de início” se uma criatura pôde ser cheia de graça desde o primeiro instante da sua existência.
Maria Santíssima, subtraída do pecado “original” é tamém a garantia de que, no mundo, o bem é mais forte e mais contagioso do que o mal.
Com ela, a primeira redimida,tem início uma história de graça “contagiosa”.
Finalmente, a sua vida de Imaculada atingiu o fulgor do seu amor por Deus e pelos homens.
Pelo Proto-Evangelho, toda a humanidade ficou assim integrada no plano da História da Salvação.
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Sobre a Imaculada Conceição da Virgem Maria, diz o Catecismo da Igreja Católica :
492. – Esta «brilhante santidade singular», de que foi “enriquecida desde o primeiro instante da sua conceição”,(LG 56), vem-lhe totalmente de Cristo : foi “remida dum modo mais sublime, em atenção aos méritos de seu Filho”(LG 53). Mais que toda e qualquer outra pessoa criada, o Pai a “encheu de toda a espécie de bênçãos espirituais (nos céus) em Cristo”(Ef.1,3). N’Ele a escolheu antes da criação do mundo, para ser na caridade santa e irrepreensível na sua presença.(cf.Ef.1,4).
JOHN NASCIMENTO
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